sábado, 12 de abril de 2014

A árvore turca e a imaginação


A árvore turca e a imaginação


Tlim, tlim, tlim, tlão,

Tlim, tlim, tlão,

Tlim, tlão!

Chocalham os enfeites na árvore turca, emitindo melodiosos sons, assim como os neurónios assolam o cérebro humano, despertando sininhos que até aí não se ouviam.
As cores são fantásticas e complementares, dentro dos azuis e laranjas.  Transportam a mente para outra dimensão, através de um vórtice ascendente que nos permite atingir a plenitude, a que vulgarmente chamamos criação.

Neste contexto faz-se magia. Eis que irrompe a imaginação, insubstituível e imbatível, porque não conheço nenhum outro mecanismo que a iguale.
Então tudo acontece em simultâneo, porque tudo é possível com imaginação! Tudo em absoluto!

É fundamental usar a imaginação, em permanência e sem preconceitos. Ela nos distingue dos restantes seres vivos e não devemos colocar-lhe obstáculos, porque é a jóia preciosa com que todos nascemos.

O alce e a liberdade


O alce e a liberdade



Esta é a história do alce que galgava a neve. O alce livre que fugia do homem, porque sabia que se não fugisse ficaria em cativeiro.

Esta é a história de um alce que era esperto, temia o homem pelo seu poder malicioso, amava a natureza e queria viver sempre assim, tal qual como nascera, com a sua família.

Esta é a história do alce que nunca foi encontrado, que nunca entrou na estatística, porque sempre se escondeu do homem que caçava, que maltratava, que agredia, que engendrava cativeiros.

Porque fazemos aos outros o que não queremos para nós?

Se só fizermos aos outros o que queremos para nós, daremos um passo surpreendente para a preservação da humanidade!

A taça e os ovos




A taça e os ovos
(cópia de outro artista)
 

Os ovos significam o nascimento e o prato dourado a glória.
Glória ao nascimento de todos os seres que vivem neste nosso pequeno mundo.
Glória aos ovos que vão originar a vida na terra.
Glória ao espaço que o criador nos concedeu para conceber.
Dos ovos provêm os mais misteriosos seres, seres vivos.
Fantásticos ovos brancos que escondem uma diversidade de indivíduos, todos parecidos mas intrinsecamente muito diferentes.
Há festa na aldeia e Mariazinha traz os ovos na taça de vidro, em cima do prato dourado.
Estes ovos vão ser partidos e cozinhados para fazer pudim de ovos.
Eles vão viver nas pessoas que os comerem, vão voar contra o vento dos pulmões e vão ser bombardeados pelo coração, bomba relógio.
Estes lindos ovos tiveram este fim, cada um tem o seu fim especial.
Pensar que tudo se transforma e nada permanece, faz-nos sentir que tudo tem um propósito, uma continuidade, uma conexão. Diz-nos que toda a tristeza acabará por desaparecer, transformando-se em alegria que poderá ser infinitamente potenciada e quem sabe não será eterna.


 

O rochedo e a água


O rochedo e a água
 

(cópia de outro artista)
 
(cópia de outro artista)

Os rochedos erguiam-se imponentes sobre a água do mar.

As ondas batiam furiosas nos rochedos e fustigavam-nos, indo pouco a pouco, desgastando-os.

Esta cena repetia-se ciclicamente, desde que o mundo se conhecia como mundo. Melhor dizendo, este era um episódio diário.

Apesar disso, nunca a água havia falado com o rochedo e o rochedo, fazendo-se de importante, fingia nem perceber as contínuas agressões da água.

Assim passaram séculos e milhares de séculos, até que um dia um golfinho magoado encalhou no rochedo. Estava muito ferido, sangrava e pensava que o seu destino seria a morte.

Porém, quando pressentiu o rochedo, agarrou-se com unhas e dentes à vida.

Submisso, com voz fraca mas determinada, suplicou:

- Amigo rochedo, por favor não me escorrace, estou entre a vida e a morte, tenha a gentileza de me auxiliar!

O rochedo, jamais havia sido interpelado por alguém, quedou-se indeciso, sem saber o que fazer ou responder.

Mas também, que diabo, era a primeira vez que alguém lhe dirigia a palavra. Resolveu não dizer nada e acenar com a cabeça, pensando - veremos no que isto vai dar!

O golfinho ficou grato, pelo menos ali poderia pernoitar e quem sabe ganhar algumas forças para continuar a viver.

Porém, sorrateiramente, chegou a água que começou na sua habitual tarefa de fustigar o rochedo.

O golfinho aflito suplicou:

- Amiga água, por favor não bata no rochedo, porque assim eu não vou conseguir sobreviver!

A água achou estranho, nunca ninguém tinha falado com ela. Mas se sempre havia feito a mesma coisa desde que se conhecia, porque motivo havia agora de interromper os seus hábitos?

Pensando isto, desferiu um rude golpe sobre o rochedo, atirando o golfinho para o mar.

Quanto este voltou à superfície o rochedo interveio:

- Água, andamos nesta guerra desde que nos conhecemos, mas podemos abrir brechas por uma noite, eu cá não me importo. Voltamos amanhã.

A água não podia acreditar no que ouvia. Afinal o rochedo até era capaz de falar! Retorquiu:

- Pode ser!

No dia seguinte a água voltou mas já não encontrou o golfinho. Perguntou ao rochedo?

- Sabes onde está?

- Lançou-se ao mar, hoje de manhã, com medo que tu chegasses!

A água pensou que não queria mal ao rochedo mas não resistiu e investiu contra ele, como era hábito.

O rochedo estremeceu mas pensou que também ele não saberia viver sem as investidas da água. Até ontem, nunca tinham conhecido outra forma de comunicar, agora que sabiam ser possível conversar, talvez pudessem mudar os seus hábitos, devagar, lentamente, com o rolar dos anos.

Quem sabe um dia poderiam até ser amigos!

Fazemos o que nos ensinaram, o que nos parece fácil, o que nos é habitual, este é o nosso ponto de conforto.

E que tal fazer hoje alguma coisa diferente? Alguma coisa que por norma não faríamos?

Talvez alguns de nós ficassem surpreendidos com essa aventura!

E que tal levar isto a sério e começar hoje?

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O miúdo e o objectivo


O miúdo e o objectivo



A cabeça fervilhava-lhe de ideias.

As mãos laboriosas não paravam as infindáveis construções.

Queria ser marinheiro solitário no seu barco à vela que o havia de levar para águas distantes e descobrir o mundo.

Quando encontrasse o mundo, haveria de o trazer de volta no seu barco, com todo o cuidado e precaução, bem empacotado e transportá-lo-ia para a sua terra natal, no continente africano.

Enquanto pensava, construía os seus barcos, esculpidos em madeira, detalhando escrupulosamente todas as peças que o constituíam.

Ah sim, quando encontrasse o mundo teria tudo, seria feliz, pensava o sonhador.

Foi bom crescer com este objectivo de descobrir e procurar incessantemente.

Belo mundo inesgotável! Louvor ao criador!
É bom crescer com um objectivo grandioso, divertindo-nos enquanto imaginamos a realização de grandes feitos. Isso tornar-nos-á um adulto mais empenhado, com objectivos definidos e confiante.

O barco e o desafio


O barco e o desafio



Passevite era o nome do barco à vela que os levou para sempre daquela vida e os atirou para longe.

Chegaram ao mundo da contemplação, onde viver é ter tempo para respirar e observar.

Estavam vivos e por isso tinham que observar e prosseguir, agir e viver intensamente cada dia.

Esta é a história de dois amigos que tinham por hobby passear de barco à vela. Sempre que estavam de férias ou tinham algum tempo livre era sabido que iam para a doca, e depois para o mar.

Um dia decidiram deixar os seus empregos e passar o resto da vida a navegar pelos mares. Estavam cansados de serem quotidianos e queriam decidir dia a dia o que fazer e para onde ir.

Assim fizeram e passaram o resto da sua vida velejando pelos mares, decidindo o seu destino em cada dia, apesar de irem contra a opinião de todos os seus conhecidos que achavam que eles se haviam tornado irresponsáveis e inconsequentes.

Somos responsáveis pela vida que levamos, em directa consequência dos nossos actos. Cada dia que vivemos deve ser gratificante e constituir um desafio. Por isso temos que ouvir a voz da nossa consciência, deixando que ela nos guie e nos indique o nosso objectivo de vida.

O barco e o reflexo


O barco e o reflexo



Dois barcos passeavam descontraidamente na ria, gozando com intensidade as suas férias.

Cada barco, achava que era mais imperfeito do que o outro, porque o outro, sim, é que era um barco de qualidade.

Isto acontecia porque, quando se observava, cada barco apenas via a sua imagem invertida, reflectida no espelho das águas do mar.

Atenção! Quando vês um objecto certifica-te primeiro que não olhaste para a sua imagem reflectida.

A cancela e o paraíso


A cancela e o paraíso



Aqui ficava a porta do paraíso.

Estava cerrada mas não tinha chave, apenas possuía um ferrolho, fácil de abrir.

Clarita resolveu abri-la e ver como era o paraíso, que o portão separava do seu lado do mundo.

Sentiu paz e tranquilidade mas, acima de tudo, imensa responsabilidade.

Entrou e susteve a respiração, ficando então um pouco inquieta.

Fechou a cancela azul atrás de si.

Pensou que tinha enfim encontrado o divino, o melhor da vida.

Porém, não conseguiu vislumbrar vivalma e após horas de busca resolveu regressar ao portão e voltar para o seu lado do mundo.

Que fazer?

Voltar para trás, para o conforto do que conhecia desde sempre ou prosseguir até encontrar o futuro?!

Sobressaltada pela dúvida resolveu retroceder, olhar para trás, voltar para a solução conhecida, deixando que a imaginação flutuasse para dentro da cancela.

Nunca mais voltou ao paraíso!

É confortável permanecer eternamente no mundo que conhecemos, controlamos e, de algum modo, dominamos. Porém, esse mundo muitas vezes não é o nosso mas o da sociedade, o da cultura, o dos outros.

Se não procurarmos as nossas aventuras, corrermos os nossos riscos, sentirmos as nossas tristezas e frustrações não vamos alcançar o nosso destino, nunca vamos perceber o propósito da nossa vida nem o que deveríamos ter aqui andado a fazer.

A paisagem algarvia e a criação


A paisagem algarvia e a criação



Deus criou a matéria e ficou contente;

criou a luz e ficou contente;

criou o universo e ficou contente;

criou a terra e ficou contente;

criou a água e ficou contente;

 criou a selva e ficou contente;

criou os animais e ficou contente;

criou o homem e duvidou...

Ponderou. Interrogou-se. Parou aí a sua criação, até ver, até perceber quais seriam os seus resultados.

Resolveu dormir, centrar a sua atenção noutros mundos e esperar para observar como se iria desenvolver a humanidade.

Concentrou-se em outros assuntos, deixou de pensar em nós.

Desinteressou-se, adormeceu, deixou de procurar entender o nosso processo e desenvolvimento.

O homem vivia desenfreadamente a pensar em si próprio. Desorientado, invocava Deus sem saber o que fazer, para onde ir, definindo objectivos, sempre nervoso e irritado, desejando sempre ter o que não possuía e desvalorizando tudo o que já tinha, lutando acima de tudo pelo que não tinha.

Passaram-se milhares de anos…

Deus acordou e resolveu ver como estavam as coisas na terra, saber como se encontrava a humanidade. Ficou surpreendido, desiludido. Resolveu esperar, dar mais um tempo ao homem para ver o que acontecia, verificar se este procedia ou não ao seu extermínio, à sua extinção.

Voltou-se para os outros mundos e, cansado, esqueceu-nos.

Muitas vezes passamos toda a vida a correr atrás do que não temos, desesperados por obter mais alguma coisa, procurando no exterior a felicidade. Acho que esta busca é uma causa perdida porque a felicidade encontra-se no que já possuímos, está dentro de nós, depende apenas da nossa maneira de observar as ocorrências, de interpretar os factos e de agir.

A deusa e a vida


A deusa e a vida



A deusa zangou-se com o deus e arremessou-lhe as suas jóias e roupas, em sinal de desprezo pelo que possuía. Num ímpeto de fúria desceu à terra, caindo abruptamente pelo céu e mergulhando profundamente nas águas do mar. Ia pensar….

Devia ou não gerar a vida?

O deus não queria a vida, mas ela, a deusa, sim queria.

Não tinha que obedecer a ninguém mas o amuo do deus não a conseguia deixar indiferente. Ia pensar….

Deixou-se embalar pela luz dos relâmpagos e pelo ribombar dos trovões, inspirou-se no seu calor e som e decidiu.

Ia conceber a vida, queria tanto fazer esta experiência: o imortal concebia o mortal, parecia desafiante, era inexplicável a força que sentia.

O deus, desassossegado, olhou para baixo, sem querer ver, mas pressentiu que a tranquilidade havia terminado no seu reino…
O desafio atrai tão inexplicavelmente que podemos cair no ímpeto e perder todo o controlo da situação. Quando queremos muito, não aceitamos impedimentos e alcançamos.

A onda e a viagem


A onda e a viagem



- Onda que enrolas e desenrolas no mar, o que trazes hoje, que novidade me dás?

Viajei muito - respondeu a onda - e vi diversos países e continentes.

Não julguei ninguém pelo seu modo de vida diferente. Apenas percebi que todos estão certos e ninguém tem razão.

Gosto de sentir o sol escaldando, enquanto rebolo no mar e brinco sem fim nas cores azuis que transformo a cada instante.

Gosto de mudar de forma, de cor e de paisagem.

Gosto de correr veloz e calmamente deambular pela praia.

Viajei muito, conheci o mundo!

A diversidade á a alma da terra e do mundo em que vivemos.

Conhecer o quão diferente somos, física e mentalmente, é uma riqueza indestrutível.

Devemos aceitar as diferenças e tentar perceber porque é que as pessoas entendem as mesmas coisas sob diferentes pontos de vista.

É por isso que há muitas vidas, tantas quantas o número de pessoas que habita a terra e não há uma vida comum para toda a gente.

A foice e a ceara


A foice e a ceara



Trabalhavam no campo desde tenra idade. Ele vivia na aldeia de cima e ela vivia na aldeia de baixo.

Foram crescendo a trabalhar no campo. Procuravam encontrar-se por entre as folhas, ceifando a terra.

Houve um baile na aldeia de cima e uma festa na aldeia de baixo. Não se conheceram…

A vida não facilitava encontros, apesar de a distância entre as duas vilas ser diminuta.

Um dia, Luana resolveu visitar aldeia de cima mas, nesse preciso dia, por casualidade, Solário veio conhecer a aldeia de baixo.

Ambos foram convidados para a mesma festa de casamento de um amigo comum. Ambos estavam doentes nesse dia, não puderam comparecer.

Ainda hoje anseiam por se conhecer, sabem que são almas gémeas que estão tão perto mas tão longe.

Por vezes temos a sensação que alguma coisa ficou por alcançar, contra a nossa vontade. Parece que por muito que tentássemos estávamos perante um alvo intangível.

O sol e a lua são complementares mas nunca se encontram. Assim acontece com algumas vidas!...

As conchas e a cor


As conchas e a cor



Manuel coleccionava conchas.

Procurava-as nas praias, nas dunas, onde calhasse e ordenava-as meticulosamente, catalogando-as, não deixando que ninguém se aproximasse do seu mais precioso tesouro.

Esculpiu uma caixa forte, também feita de conchas e sentiu-se, nesse dia, o homem mais rico do mundo.

O que eu mais queria – pensava Manuel – era ajudar os outros. Mas não sou rico!…

Tenho o meu tesouro mas este não me traz riqueza, dá-me, em vez disso, muita felicidade.

Continuou fazendo diariamente a sua colecção de conchas, investindo incansavelmente no seu tesouro, na sua riqueza.

- Gostava de ajudar os outros, mas não sei como! As conchas não me trazem dinheiro, apenas distracção.

Manuel foi envelhecendo…

Quando era já velho, mesmo muito, muito velho, resolveu doar a sua infindável colecção ao Museu do Mar.

Eram tantas as conchas que o Ministério do Mar e Pescas resolveu inaugurar um Museu de Conchas, com uma estátua do fundador Manuel.

Manuel morreu, porque era mortal mas ficou o seu Museu.

Um dia, o Estado vendeu o Museu das Conchas a uma instituição particular e com o encaixe mandou construir um Hospital a que chamaram Hospital Manuel.

Por baixo da estátua do fundador, ficou esta inscrição:

“ Manuel, financiador deste Hospital, nobre cidadão, que tanto fez pelos outros e a quem tanto devemos.”

As nossas lutas por objectivos têm um mérito. Tentar alcançar o nosso propósito de vida faz todo o sentido. Mais tarde, de uma maneira ou de outra, os nossos esforços acabarão por luzir em nós e nos outros.

Nós somos o alquimista que consegue transformar o vil metal em ouro!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

As maçãs e a forma


As maçãs e a forma



Alma tinha a maçã na mão.

Descascou-a;

cortou-a ao meio;

deu-lhe uma dentada;

devorou-a.

E percebeu que tinha chegado ao seu limite, que havia esgotado a paciência do criador.

Sentiu uma explosão na cabeça, como se o feitiço se virasse contra a feiticeira.

Já nem sequer conseguia engolir o pedaço que tinha na boca, o seu segredo.

Porque se chamava Alma?

Porque tinha um segredo?

O mistério predomina na mente humana, pela quantidade de fenómenos inexplicáveis que vivemos ou sentimos. Gostaria de os conseguir explicar, porque seriam relevantes para o nosso auto-conhecimento. Porém, o mistério faz parte da vida…

A dama e os mosaicos


A dama e os mosaicos



 Nos mosaicos do palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, encontrei a singela senhora que trazia em si a energia e a chama atiçada da luz da vida.

Olhei-a e senti todo o seu passado de submissão e busca por um mundo melhor.

A taça de uvas representa o excelente vinho de Carcavelos que sempre existia no Palácio.

A dama comeu uma uva, saboreou-a, engoliu-a e escorreu-lhe pelo queixo abaixo um fio de sumo, qual gota de sangue, que simbolizava o esforço para viver, para ser livre, para ser ouvida.

Apesar da batalha inabalável, a sua liberdade não foi consumada em vida. Mas valeu a pena o seu esforço, assim como o de todas as outras mulheres da época, visto que temos hoje nas mãos a independência que resultou da sua árdua luta.

Esta é a história da dama que comia uvas no palácio de Oeiras e que ainda vive hoje nos seus mosaicos.

A vitória da luta inabalável pelos objectivos em que acreditamos, nem sempre é atingida com rapidez, visto que é muito forte a pressão exercida pela sociedade, consubstanciada na aversão à mudança. Porém, vale a pena investir nos valores em que acreditamos, porque mais tarde ou mais cedo estes acabarão por se impor.

Eros e o Hermitage


Eros e o Hermitage


Homem alado do Hermitage, Eros, e ela viva, amando o seu Deus.

Não era Deus, mas para ela sim, era ele, o seu homem, imortal, omnipotente.

Para ele, ela era apenas uma mulher apetecível, esquálida e branca que vivia para o satisfazer.

Ela jamais o abandonaria, esqueceria, contrariaria, desiludiria.

Ele não queria saber, ignorava o seu destino, suportava as suas asas com paciência e vigor, esperando por dias melhores.

Ela amava-o profundamente…

Ele conhecia os pensamentos dela mas só sentia indiferença.

Ela imaginava que ele pensava da mesma forma do que ela...

Enganos de alma, quantos existiram até hoje? Um por cada ser, não me espantaria!
Muitas vezes, só acreditamos no que gostaríamos que acontecesse.

A caravela e os descobrimentos


A caravela e os descobrimentos



D. Henrique segura a caravela e este acto representa a valentia de Portugal.

Nação valente e imortal!

Que foi feito da nossa caravela?

Que destino lhe demos?

A nossa bravura alcançou feitos remotos, desbravámos o mar em casquinhas de noz, chegámos a outros mundos, até então desconhecidos, nesta época da infância da nação.

Porém, fomos perdendo a bravura e encontrando os espinhos das rosas vermelhas que cresciam debaixo do mar.

Oh D. Henrique, tu que morreste mas continuas vivendo na pedra, tudo vendo do teu pedestal, diz-nos o que fizemos da nossa cidade!

No papel escreves textos de admiração, de indiferença ou de indignação?

Sem dúvida, somos um bom país para passar férias, tranquilas férias, de campo e de mar.

Olá infante, onde vives hoje, que país proteges com a tua bravura?

Será que tencionas voltar?

O passado vive para sempre mas a história evolui e os pensamentos e actos da Nação vão-se desenrolando e por vezes são contraditórios. Nada permanece igual, a evolução é a palavra fundamental.