sexta-feira, 11 de abril de 2014

A cancela e o paraíso


A cancela e o paraíso



Aqui ficava a porta do paraíso.

Estava cerrada mas não tinha chave, apenas possuía um ferrolho, fácil de abrir.

Clarita resolveu abri-la e ver como era o paraíso, que o portão separava do seu lado do mundo.

Sentiu paz e tranquilidade mas, acima de tudo, imensa responsabilidade.

Entrou e susteve a respiração, ficando então um pouco inquieta.

Fechou a cancela azul atrás de si.

Pensou que tinha enfim encontrado o divino, o melhor da vida.

Porém, não conseguiu vislumbrar vivalma e após horas de busca resolveu regressar ao portão e voltar para o seu lado do mundo.

Que fazer?

Voltar para trás, para o conforto do que conhecia desde sempre ou prosseguir até encontrar o futuro?!

Sobressaltada pela dúvida resolveu retroceder, olhar para trás, voltar para a solução conhecida, deixando que a imaginação flutuasse para dentro da cancela.

Nunca mais voltou ao paraíso!

É confortável permanecer eternamente no mundo que conhecemos, controlamos e, de algum modo, dominamos. Porém, esse mundo muitas vezes não é o nosso mas o da sociedade, o da cultura, o dos outros.

Se não procurarmos as nossas aventuras, corrermos os nossos riscos, sentirmos as nossas tristezas e frustrações não vamos alcançar o nosso destino, nunca vamos perceber o propósito da nossa vida nem o que deveríamos ter aqui andado a fazer.

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