As
conchas e a cor
Manuel coleccionava
conchas.
Procurava-as nas
praias, nas dunas, onde calhasse e ordenava-as meticulosamente, catalogando-as,
não deixando que ninguém se aproximasse do seu mais precioso tesouro.
Esculpiu uma caixa
forte, também feita de conchas e sentiu-se, nesse dia, o homem mais rico do
mundo.
O que eu mais queria –
pensava Manuel – era ajudar os outros. Mas não sou rico!…
Tenho o meu tesouro mas
este não me traz riqueza, dá-me, em vez disso, muita felicidade.
Continuou fazendo
diariamente a sua colecção de conchas, investindo incansavelmente no seu
tesouro, na sua riqueza.
- Gostava de ajudar os
outros, mas não sei como! As conchas não me trazem dinheiro, apenas distracção.
Manuel foi envelhecendo…
Quando era já velho,
mesmo muito, muito velho, resolveu doar a sua infindável colecção ao Museu do
Mar.
Eram tantas as conchas
que o Ministério do Mar e Pescas resolveu inaugurar um Museu de Conchas, com
uma estátua do fundador Manuel.
Manuel morreu, porque
era mortal mas ficou o seu Museu.
Um dia, o Estado vendeu
o Museu das Conchas a uma instituição particular e com o encaixe mandou
construir um Hospital a que chamaram Hospital Manuel.
Por baixo da estátua do
fundador, ficou esta inscrição:
“ Manuel, financiador deste
Hospital, nobre cidadão, que tanto fez pelos outros e a quem tanto devemos.”
As
nossas lutas por objectivos têm um mérito. Tentar alcançar o nosso propósito de
vida faz todo o sentido. Mais tarde, de uma maneira ou de outra, os nossos
esforços acabarão por luzir em nós e nos outros.
Nós
somos o alquimista que consegue transformar o vil metal em ouro!
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