sexta-feira, 11 de abril de 2014

As conchas e a cor


As conchas e a cor



Manuel coleccionava conchas.

Procurava-as nas praias, nas dunas, onde calhasse e ordenava-as meticulosamente, catalogando-as, não deixando que ninguém se aproximasse do seu mais precioso tesouro.

Esculpiu uma caixa forte, também feita de conchas e sentiu-se, nesse dia, o homem mais rico do mundo.

O que eu mais queria – pensava Manuel – era ajudar os outros. Mas não sou rico!…

Tenho o meu tesouro mas este não me traz riqueza, dá-me, em vez disso, muita felicidade.

Continuou fazendo diariamente a sua colecção de conchas, investindo incansavelmente no seu tesouro, na sua riqueza.

- Gostava de ajudar os outros, mas não sei como! As conchas não me trazem dinheiro, apenas distracção.

Manuel foi envelhecendo…

Quando era já velho, mesmo muito, muito velho, resolveu doar a sua infindável colecção ao Museu do Mar.

Eram tantas as conchas que o Ministério do Mar e Pescas resolveu inaugurar um Museu de Conchas, com uma estátua do fundador Manuel.

Manuel morreu, porque era mortal mas ficou o seu Museu.

Um dia, o Estado vendeu o Museu das Conchas a uma instituição particular e com o encaixe mandou construir um Hospital a que chamaram Hospital Manuel.

Por baixo da estátua do fundador, ficou esta inscrição:

“ Manuel, financiador deste Hospital, nobre cidadão, que tanto fez pelos outros e a quem tanto devemos.”

As nossas lutas por objectivos têm um mérito. Tentar alcançar o nosso propósito de vida faz todo o sentido. Mais tarde, de uma maneira ou de outra, os nossos esforços acabarão por luzir em nós e nos outros.

Nós somos o alquimista que consegue transformar o vil metal em ouro!

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