A
paisagem algarvia e a criação
Deus criou a matéria e
ficou contente;
criou a luz e ficou
contente;
criou o universo e
ficou contente;
criou a terra e ficou
contente;
criou a água e ficou
contente;
criou a selva e ficou contente;
criou os animais e
ficou contente;
criou o homem e duvidou...
Ponderou.
Interrogou-se. Parou aí a sua criação, até ver, até perceber quais seriam os seus
resultados.
Resolveu dormir,
centrar a sua atenção noutros mundos e esperar para observar como se iria desenvolver
a humanidade.
Concentrou-se em outros
assuntos, deixou de pensar em nós.
Desinteressou-se,
adormeceu, deixou de procurar entender o nosso processo e desenvolvimento.
O homem vivia
desenfreadamente a pensar em si próprio. Desorientado, invocava Deus sem saber
o que fazer, para onde ir, definindo objectivos, sempre nervoso e irritado,
desejando sempre ter o que não possuía e desvalorizando tudo o que já tinha,
lutando acima de tudo pelo que não tinha.
Passaram-se milhares de
anos…
Deus acordou e resolveu
ver como estavam as coisas na terra, saber como se encontrava a humanidade. Ficou
surpreendido, desiludido. Resolveu esperar, dar mais um tempo ao homem para ver
o que acontecia, verificar se este procedia ou não ao seu extermínio, à sua
extinção.
Voltou-se para os
outros mundos e, cansado, esqueceu-nos.
Muitas
vezes passamos toda a vida a correr atrás do que não temos, desesperados por
obter mais alguma coisa, procurando no exterior a felicidade. Acho que esta
busca é uma causa perdida porque a felicidade encontra-se no que já possuímos,
está dentro de nós, depende apenas da nossa maneira de observar as ocorrências,
de interpretar os factos e de agir.
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