quinta-feira, 10 de abril de 2014

A dama e os mosaicos


A dama e os mosaicos



 Nos mosaicos do palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, encontrei a singela senhora que trazia em si a energia e a chama atiçada da luz da vida.

Olhei-a e senti todo o seu passado de submissão e busca por um mundo melhor.

A taça de uvas representa o excelente vinho de Carcavelos que sempre existia no Palácio.

A dama comeu uma uva, saboreou-a, engoliu-a e escorreu-lhe pelo queixo abaixo um fio de sumo, qual gota de sangue, que simbolizava o esforço para viver, para ser livre, para ser ouvida.

Apesar da batalha inabalável, a sua liberdade não foi consumada em vida. Mas valeu a pena o seu esforço, assim como o de todas as outras mulheres da época, visto que temos hoje nas mãos a independência que resultou da sua árdua luta.

Esta é a história da dama que comia uvas no palácio de Oeiras e que ainda vive hoje nos seus mosaicos.

A vitória da luta inabalável pelos objectivos em que acreditamos, nem sempre é atingida com rapidez, visto que é muito forte a pressão exercida pela sociedade, consubstanciada na aversão à mudança. Porém, vale a pena investir nos valores em que acreditamos, porque mais tarde ou mais cedo estes acabarão por se impor.

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