O
falcão e as teias
O falcão voava,
cortando o ar e o céu, centrado na essência do ser, na vantagem de ser ave e
poder voar.
Sou o rei do céu! –
pensava.
Olhos insensíveis,
galgando o mundo, viajante incessante, poderoso.
Sentia-se acima de tudo
livre, sem obrigações, podendo ser o que quisesse, decidindo dia a dia o que
queria fazer.
Era feliz na sua vida
inconstante.
Porém, um dia,
apaixonou-se, porque ela era linda e interessante, lia os seus pensamentos e
quase diziam em simultâneo as mesmas frases.
Casaram.
Nasceram filhos e o
feliz falcão viu-se a braços com uma família fantástica que o enchia de
satisfação e de orgulho mas que lhe condicionava os passos, os pensamentos, as
viagens, a vida, a liberdade, preso e feliz nas teias familiares.
Já não estava centrado
no céu e na essência do ser mas sim nas necessidades dos seus filhos e nas
exigências e anseios da sua mulher.
Porém, também assim ele
era feliz.
Outra etapa da vida,
outra face da mesma moeda, já não era só ele mas sim eles.
Não se arrependeu.
Ser livre e só nunca o
teria feito ser o avô mais amado do mundo, o avô Falcão.
O amor enche de sentido a vida do indivíduo. Em
vez de significar prisão, cria um espaço de satisfação e de liberdade tão amplo
que me parece ser a melhor opção que se pode fazer na vida.
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